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A autora, Alexandra Conduto |
Hoje vou dar a conhecer, a poetisa, Alexandra Conduto, autora de dois livros, Livro da memória – fragmentos da tua história, “tem poemas muito profundos carregados de dor muito profunda, quase a tocar a loucura do desespero” e recordar-te “, é mais leve, tem menos dor e mais saudade”.
Natural da Mina de S. Domingos, concelho de Mértola, distrito de Beja, Alexandra Rocha Conduto, nasceu em 11 de setembro de 1971, casada, mãe de dois filhos, viveu toda a sua vida na Mina de S. Domingos, Concelho de Mértola, Distrito de Beja.
Alexandra Conduto, descreveu-nos a sua terra - “É uma terrinha simpática, de pessoas afáveis, onde todos conhecem todos, daqueles sítios onde ainda bates à porta da vizinha do lado para pedir um pezinho de hortelã.
Vivi sempre ali e com a maior simplicidade, andei na escola primária, na antiga telescola, e depois no secundário na vila de Mértola”.
Atualmente vive em Palmela, trabalha na Câmara Municipal de Palmela e já lá vai 24 anos, é uma pessoa que gosta de ler e conversar, define-se como uma pessoa muito simples e é assim que quer continuar a ser, procura ser cada dia melhor pessoa, aspira a tentar ser um ser humano parecido com o seu pai, que lhe deu a educação, e lhe passou os princípios mais importantes para a vida.
Feita a apresentação desta poetisa, colocamos a primeira questão à nossa entrevistada.
- Como nasceu o gosto pela poesia?
“Sempre gostei muito de escrever, e desde muito cedo descobri que me era mais fácil expressar o que sentia pela escrita do que por gestos ou palavras.Gostava de escrever pequenas mensagens com os meus sentimentos".
-"Quando me casei e sai de casa, o meu pai não era muito chegado a conversa pelo telefone, então eu gostava de escrever o cartão do dia do pai ou de aniversário, e fazia sempre com uma mensagem um pequeno poema, o meu pai que era um homem simples e de coisas simples, nesses dias ficava sempre muito contente quando chegava correio para ele, e dizia sempre – escreves tão bem porque não escreves um livro?
E eu dizia sempre, - credo não que vergonha as outras pessoas a lerem o que eu sinto, não nem pensar.Escrevia sempre para ele porque ele apreciava o que eu escrevia”.
- Com esse seu gosto pela poesia, quis homenagear alguém?
- “Quando o meu pai morreu, foi um golpe muito duro para mim, pois o meu pai já tinha 85 anos, mas ainda assim eu achava que ele era uma muralha e nunca nada o iria derrubar, esqueci-me de pensar que ele era um comum mortal e que um dia também ele se cansou de lutar. Nesse dia o meu mundo desabou, e em todos os dias seguintes, até hoje eu tenho necessidade de lhe falar.
Comprei um caderno e comecei a traze-lo sempre comigo, colei fotos, letras de musicas e coisas que me faziam lembrar do meu pai e fui escrevendo os meus sentimentos.
Depois um dia lembrei-me de lhe pesar homenagem e fiz uma publicação de um poema no Facebook, e a reação das pessoas foi incrível, eu nunca tinha pensado que teria tão boa aceitação”.
- Foi a partir dessa publicação na rede social que pensou em avançar para escrever um Livro?
“Comecei a receber mensagens de pessoas a perguntar porque não escrever um livro?
Pensei resolvi fazer. Não foi fácil, gostava que tivesse sido um pouco diferente, mas escrevi, paguei e publiquei.
Não correu como eu teria gostado, mas, passei a ver isso como uma missão a cumprir e tenho trabalhado todos os dias nesse sentido”.
- Natural da Mina de S. Domingos, naturalmente o trabalho nas minas, absorvia muitos dos habitantes da aldeia. Isso também foi muito importante para si, beber essa fonte de conhecimentos?
- “Sim, sem dúvida aprendi muito com os residentes mais antigos, as suas histórias e as partilhas de coisas do passado.
O meu pai foi mineiro e as suas vivências sempre fizeram parte da minha vida”.
- Até agora já publicou dois livros, quer comentar, o conteúdo de ambos os livros?
- “O 1º Livro – Livro da memória – fragmentos da tua história, foi escrito nas horas de muita dor, raiva, revolta, tem poemas muito profundos carregados de dor muito profunda, quase a tocar a loucura do desespero. Tem precisamente 85 poemas, que era a idade que o meu pai tinha quando morreu, ou seja, um por cada ano da vida do meu pai”.
O 2 º livro – Recordar- te, é mais leve, tem menos dor e mais saudade. Na minha opinião pessoal acho que o meu pai iria ficar muito orgulhoso de mim, neste 2 livro, já no outro acho que ele ia ficar muito triste. (por eu ter tanta dor e tristeza dentro de mim).
- Tem tido apoios para a publicação desses livros?
- “Nas publicações não tive qualquer tipo de apoio, paguei tudo do meu bolso 3 edições do 1 e 1 edição com duas tiragens do 2.
Porém tive vários apoios de amigos, nos lançamentos, o primeiro tive o apoio da minha entidade patronal Câmara Municipal de Palmela, que me disponibilizou o auditório da biblioteca municipal de Palmela, para o lançamento, dos amigos que fizeram o apontamento musical, Albano Almeida na Viola de fado e Ana Pacheco Mendes com a sua maravilhosa voz, dos meus filhos e marido e de todos os amigos que estiveram presente nesse momento tão importante para mim e a equipa do Diário do Distrito, que também me fez uma entrevista para ajudar na divulgação do 1º livro".
- "O 2 º livro foi feito o lançamento no museu da música mecânica, a convite do Dr. Luís Cangueiro que me disponibilizou o auditório do museu. E mais uma vez o apontamento musical feito pelo Albano Almeida e Ana Pacheco Mendes”.
- Com a publicação desses dois livros, já teve por parte de alguma editora, algum convite para um novo projeto? Com um sorriso respondeu-nos!
- “Tirando isso fui convidada para participa no programa Ao Encontro da Poesia, na Radio da Quinta do Conde, onde também estive a fazer a apresentação dos livros.
Mas não tem sido fácil, os livros não foram feitos para ganhar dinheiro, foram feitos para manter viva a memória do meu pai, se me perguntar se eu consegui alcançar o meu objetivo. Não pois nunca entrei numa livraria ou numa superfície comercial e vi lá o meu livro disponível para que as pessoas o possam comprar, ler e partilhar”.
- “Tem no horizonte, a publicação de mais um livro?
- “Gostava sim, dessa vez um livro diferente, com poesia e fotografia”.
- Como escritora, qual o seu grande sonho na escrita?
- “Não sou escritora, nem nada que se pareça, o meu grande sonho era ver os meus livros distribuídos e a chegar a muitas mãos, não para ficar famosa ou conhecida que isso não me interessa, mas para poder partilhar com os outros um amor que nem a morte apagou”.
-O apoio da família?
-“O apoio
foi sempre total eu acho que os meus filhos gostam do que escrevo
principalmente os livros eles tem cada um o seu e lêem para eles não é o livro
da mãe e o livro do avô”.
Esta a entrevista possível com Alexandra Conduto,para dar a conhecer a sua poesia e aqui deixamos algo da sua poesia:
Alimento vãs esperanças no olhar
procuro, por entre os becos
das ruas sem saída,
um vislumbre do teu rosto
um sinal de ti.
Não encontro.
Não vi.
Tanta distância, queres tu assim de
mim?
Se eu entro, tu sais;
Se eu estou, já te foste embora;
Quando eu venho, já tu vais.
Não sei o que fazer
só sei que preciso de te ver
não consigo vencer
esta vontade, inútil, de te procurar
de te falar, sabendo que não me estas
a escutar.
Vou desistir,
deixar o tempo passar
não mais te procurar
porque no fundo do meu coração
eu sei que não te vou encontrar.
De: Alexandra
Conduto
Nota: Iremos aqui publicando alguns poemas da autora, este o nosso contributo para a divulgação do seu trabalho, junto dos nossos leitores..